Saudade...

Ontem fez 1 ano e 2 meses que perdi meu pai. Eu, como muitas(os) filhas(os) bestas, não soube dar o valor dele a tempo. Não disse "eu te amo" sincera e suficientemente. Logo que ele morreu, toda noite eu olhava o relógio, escutava um carro na garagem, ouvia o barulho do elevador chegando e pensava: papai tá chegando! Doce ilusão. Ou, amarga mesmo. Porque na hora que vc pensa que ele deve estar chegando, vem aquela dor funda que te lembra: não. ele não vai chegar mais. E isso dói tanto. Só quem já passou por isso sabe do que eu falo. Os amigos, parentes e tal dizem: eu entendo. Mas nem sabem que não entendem nada. Antes de perder meu pai eu também achava que entendia. Só fui entender em julho de 2006.
Como disse a Cruela (calcinhas no box), D'us está chamando os bons. E, meu pai é um desses. Um cara super correto que nunca pisou em ninguém pra subir na vida e me ensinou a agir da mesma forma. Um cara que me falava: po! a vovó te deu chocolate? quando eu era pequeno pra comer um quadradinho de chocolate tinha que tomar um copo de Rei (copão de leite). Um cara que, quando eu tava no Jardim III e tive medo de passar pro CA (vai entender...), me chamou pra sentar na beira da cama dele e me contou que ele também passou por isso. Um cara que fez massagem nas minhas pernas todas as noites que eu tive "dor de crescimento", até eu adormecer.
Hoje eu consigo ver que ele sabia que a gente se amava. Mesmo tendo dito tão poucas vezes.